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Os astros influenciam a vida do homem?


Os astros, pelas energias que emitem, inegavelmente exercem influência uns sobre outros, razão pela qual, na Terra, certos fenômenos naturais e determinadas matérias absorvem também tais radiações de energia. Entretanto, o nosso modo de ser, de pensar, o nosso caráter e destino são frutos das nossas próprias aquisições, decorrentes de nossas atitudes pretéritas, de modo que recebemos influências de nós mesmos ou, também, de um ser humano, mas não dos astros.


Emmanuel, na obra O Consolador[1], respondendo a pergunta similar, informa que as antigas assertivas astrológicas têm a sua razão de ser, pois o campo magnético e as conjunções dos planetas exercem influência no complexo celular do homem físico, assim como na sua formação orgânica e no seu nascimento na Terra. Acrescenta o mentor que se, de alguma forma, as influências astrais não favorecem algumas criaturas, cabe a cada uma delas lutar contra os elementos perturbadores, pois acima de astrologia, vigorará sempre o Evangelho, e esse ensina que cada qual receberá por suas obras, estando, portanto, o indivíduo sob as influências que merece.


Das observações de Emmanuel, verifica-se que a influência dos astros ocorre tão somente no tocante ao complexo celular do homem físico, mas não no seu caráter ou no seu destino. Exemplos deste fato é o maior número de partos em noites de Lua cheia, a influência da Lua nas marés, entre outros. Ainda na obra O Consolador, ao ser Emmanuel questionado se haveria influências espirituais entre o ser humano e o seu nome, tanto na Terra, como no Espaço, orienta que na Terra ou no plano invisível, tem-se a simbologia sagrada das palavras, mas que o estudo destas influências necessita de inúmeras considerações especializadas.


Acrescenta que, conquanto não possa afirmar com plena certeza, em algumas situações o comportamento do homem poderá sofrer certas alterações, como um estado de mau humor ou de tristeza causados pelas condições ambientais, como dias nebulosos ou chuvosos. Reforça, por outro lado, receber cada homem as influências a que fez jus, devendo cada ser renovar seus próprios valores, buscando realizações cada vez mais altas, na medida em que o determinismo de Deus é o do bem e os que se entregarem realmente a ele triunfarão de todos os óbices do mundo.


Em A Gênese[2] iremos encontrar algumas considerações interessantes acerca do tema. Abordando sobre as constelações, o Codificador ensina que os grupos que tomaram o nome de constelações são agregados aparentes, cuja causa está na distância, não passando suas figuras de efeitos de perspectiva, não existindo, de fato, tais agrupamentos. Caso nos fosse possível transportar-nos para a reunião de uma dessas constelações, sua forma se desmancharia e novos grupos iriam se formar, à medida que nos aproximássemos dela.


Assim, diz Kardec que existindo esses agrupamentos senão na aparência, é ilusória a significação que vulgarmente o homem lhes atribui e que os nomes dados às constelações, como Leão, Touro, Gêmeos, Virgem, Balança, Capricórnio, Câncer, Órion, Hércules, Grande Ursa ou Carro de David, Pequena Ursa, Lira etc., em nenhum caso, guardam relação com os grupos de estrelas assim chamados, sendo inútil buscar tais formas no céu. Finaliza afirmando provir a crença na influência das constelações, sobretudo das que constituem os doze signos do zodíaco, da ideia ligada aos seus nomes, de modo que se a chamada leão fosse asno ou de ovelha, certamente o homem lhe atribuiria outra influência. Deste modo, sendo os agrupamentos de estrelas apenas efeitos de perspectiva, não cabe dizer que influenciam ou determinam o caráter de uma pessoa.

Analisemos, ainda, os efeitos do fenômeno chamado de precessão dos equinócios segundo as considerações de Kardec, ao afirmar:


Além do seu movimento anual em torno do Sol, origem das estações, do seu movimento de rotação sobre si mesma em 24 horas, origem do dia e da noite, tem a Terra um terceiro movimento que se completa em cerca de 25.000 anos, ou, mais exatamente, em 25.868 anos, e que produz o fenômeno denominado, em Astronomia, precessão dos equinócios (cap. V, item 11). Este movimento, que não se pode explicar em poucas palavras, sem o auxílio de figuras e sem uma demonstração geométrica, consiste numa espécie de oscilação circular, que se há comparado à de um pião a morrer, e por virtude da qual o eixo da Terra, mudando de inclinação, descreve um duplo cone, cujo vértice está no centro do planeta, abrangendo as bases desses cones a superfície circunscrita pelos círculos polares, isto é, uma amplitude de 23 graus e meio de raio. O equinócio é o instante em que o Sol, passando de um hemisfério a outro, se encontra perpendicular ao Equador, o que acontece duas vezes por ano, a 21 de março, quando o Sol passa para o hemisfério boreal, e a 22 de setembro, quando volta ao hemisfério austral.[3]


Afirma Kardec que em decorrência da gradual mudança na obliquidade do eixo e, por consequência da mudança na obliquidade do equador sobre a eclíptica, o momento do equinócio vai avançando alguns minutos por ano, recebendo este avanço a designação de precessão dos equinócios, tornando-se esses minutos, com o tempo, horas, dias, meses e anos, de modo que o equinócio da primavera, verificado em março, em dado tempo ocorrerá em fevereiro, depois em janeiro, depois em dezembro. Em função disto, em dezembro ter-se-á a temperatura de março, em março a de junho e assim sucessivamente, até que retornando ao mês de março tudo volte ao estado atual, o que se dará após 25.868 anos, para recomeçar indefinidamente.


Considerando, portanto, o movimento cônico do eixo, os polos da Terra não olham constantemente os mesmos pontos do céu e a Estrela Polar não será sempre estrela polar, visto que, pouco a pouco, os polos se inclinam mais ou menos para o Sol e recebem dele raios mais ou menos diretos. Partindo deste raciocínio, se somente após 25.868 anos os agrupamentos retornam ao ponto inicial, conclui-se que, dentro desse período, eles se movimentam constantemente, não sendo pontos fixos e, assim, não cabe dizer que o indivíduo, tendo nascido na hora tal de certo dia está sob influência de determinado astro, pois se verifica não permitir a movimentação acima mencionada uma precisão que nos garanta avaliar e estabelecer sua influência sobre o indivíduo.

[1] XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. [s.l.]: L. Neilmoris, 2009. p. 51.


[2] KARDEC, Allan. A Gênese. 53 ed. Brasília: FEB, 2013. p. 89.


[3] KARDEC, Allan. A Gênese. 53 ed. Brasília: FEB, 2013. p. 158.

[EFdC1]Incluído dia 10.10.

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