Os Espíritos informam ser a poligamia uma lei humana, cuja extinção marcará um progresso social. Nela não há verdadeira afeição, mas sensualidade, sendo o casamento, quando fundado na afeição entre os indivíduos que se unem, muito agradável a Deus. Allan Kardec ressalta que caso a poligamia estivesse em conformidade com a lei natural seria universal, fato não observado, decorrendo o impulso poligâmico não de um instinto biológico, mas de resquícios das fases anteriores da evolução humana.[1]
O homem não é mais um ser irracional, já tendo ultrapassado esta fase quando seu princípio espiritual transformou-se em Espírito, sendo detentor de inteligência e razão, tendo assim o dever moral de refrear esse impulso e sublimar a sua afetividade. É exatamente pelo uso da razão e do livre-arbítrio que tem o homem condições de se controlar, trabalhando para se elevar acima das exigências do corpo e da ilusão dos sentidos. Conquanto este controle possa lhe parecer difícil, a criatura deve continuar tentando sempre, até porque “o mérito do bem está na dificuldade em praticá-lo”[2], não havendo merecimento em o praticar sem qualquer esforço e quando nada possa nos custar.
O sexo não é algo ruim ou negativo, mas prazeroso e sublime, concedido por Deus para nos possibilitar o retorno à vida material para as necessárias conquistas evolutivas. Essa energia, tão forte e ao mesmo tempo tão prazerosa, precisa ser desenvolvida com equilíbrio e amor, harmonizando e iluminando nossa sexualidade e nosso chacra genésico. As pessoas têm seus parceiros e anelam, numa relação sexual, dentre outras coisas, pelo prazer, entretanto verificamos haver certo exagero na busca por etse prazer, especialmente em países ocidentais onde a sensualidade é exagerada e mesmo incentivada.
É bem difícil examinar as razões pelas quais uma pessoa trai. Divaldo Franco[3] coloca que às vezes pode decorrer de uma má formação de caráter, outras é fuga de uma mãe dominadora que se encontra em seu inconsciente, podendo também decorrer de uma tentativa de vingança da mãe usando o parceiro, objetivando submetê-lo, sendo todos conflitos os quais a psicanálise pode auxiliar na resolução. Todas essas situações precisarão ser resgatadas de alguma forma, embora seja complicado afirmar como isso ocorrerá. Devemos lembrar sempre, por outro lado, ser Deus um Pai de amor, não sendo a função das provas punitiva, mas educativa.
Acrescenta Divaldo Franco considerações acerca de o adultério ter alguma relação com o passado, se para a vítima poderia tal fato ser ou não considerado uma prova a passar. Elucida serem muitas as possibilidades, havendo inúmeros fatores a envolver o resgate de pessoas equivocadas na área do sexo, podendo ter acontecido, talvez, de a pessoa traída ter copatrocinado o descaminho da sexualidade do parceiro em vidas passadas, estando agora ao seu lado para reconduzi-lo à sexualidade plena, segura e eficaz. Talvez, ainda, não o tenha desencaminhado, mas seja tão somente uma alma afim muito querida, tendo decidido tomar para si a responsabilidade de ser um farol de luz a encaminhar o cônjuge na presente encarnação.
A monogamia é sinal de progresso da humanidade, por isso precisamos trabalhar diariamente para iluminar a nossa sexualidade, dedicando-a para algo maior que apenas o conúbio físico de dois corpos. Com a monogamia a criatura amadurece em todos os aspectos, cresce e progride espiritualmente, razão pela qual deve ser constantemente buscada e idealizada pelo indivíduo, na tentativa salutar de vencer suas más tendências e inclinações.
Outro fator importante diz respeito à sintonia negativa e à influenciação obsessiva a envolver o ato de adultério. Tudo é sintonia. Nesta condição atraímos outros Espíritos desejosos dessa mesma sensação prazerosa do sexo desregrado, de modo que qualquer pessoa com o pensamento dominado pela ideia do sexo atrairá Espíritos na mesma frequência vibratória, tornando mais difícil e delicado o processo de mudança. As energias deletérias, quando não direcionadas corretamente, ocasionarão problemas físicos, sendo o corpo físico reflexo do perispiritual. As energias desequilibradas do Espírito atingem primeiramente o corpo fluídico e, em sequência, são transferidas ao corpo somático pelos plexos nervosos, tendo efeitos devastadores no organismo, acumulando-se nos órgãos internos e tomando forma de larvas mentais a atraírem continuamente mais energias negativas aos mesmos órgãos, dando causa a inúmeras doenças.
Como a vítima deve agir? Lembra Divaldo Franco não concordar o Espiritismo com nenhuma forma de delito, mas que também não se arvora em julgar os caídos, tendo Jesus vindo para combater o pecado, não o pecador. Deve-se tentar ajudar o individuo a libertar-se da doença. Tudo tem uma razão de ser, mas à vítima sugere perdoar, ter paciência e orar, pois a dívida é de quem carrega este triste delito no coração, demonstrando, ao mesmo tempo, os erros cometidos pelo parceiro, buscando no evangelho no lar a força necessária para superar a dificuldade, persistindo na união até onde seja saudável para ambos.[4]
O casamento é um contrato que tem regras e, quando um dos contratantes infringe uma regra, têm-se multas, punições e, até mesmo, distrato. Em situações onde os parceiros não estão mais felizes na relação é melhor oficializar uma separação e permitir que possam ser felizes com outras pessoas, ao invés de manter um relacionamento extraconjugal e, com isso, construir mágoa, dor e débitos perante a Justiça Divina. Há pessoas insaciáveis, buscando fora do lar aquilo que não encontram dentro, inutilmente procurando preencher um vazio existencial. Para criaturas nesta condição, melhor é deixar cada um seguir seu caminho, em companhia da sua própria consciência, pois ninguém lesa alguém no campo afetivo sem colher dolorosas reparações.
Em Sexo e Destino, o Espírito André Luiz mostra os efeitos para o Espírito imortal das condutas e experiências realizadas na área do sexo, trazendo casos verídicos de homossexualismo, poligamia, divórcio, inibições físicas, crimes sexuais, sendo os temas analisados sob o foco da Espiritualidade, em especial a lei de causa e efeito. A trama acontece no Rio de Janeiro, em meados do século XX, trazendo a trajetória de duas famílias, os Torres e os Nogueira, entrelaçadas em situações repletas de amor, paixão, vaidade, luxúria, ódio e obsessões doentias, oportunizando ao leitor grandes reflexões sobre o comportamento sexual humano, assim como de suas consequências em vida futuras.[5]
Não esqueçamos, todavia, o fato de Deus sempre ofertar a seus filhos oportunidades de soerguimento, de pacificação de ideias e de sentimentos. Por intermédio do processo da reencarnação, fabuloso instrumento da justiça divina, as criaturas comprometidas entre si, vítima e algoz, agressor e agredido, terão a chance de se reencontrarem, muito provavelmente na mesma família, reconciliando-se por meio dos laços de sangue ou de outros ajustes afetivos, devidamente planejados pela Espiritualidade superior.
[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 93 ed. Brasília: FEB, 2013. Q. 701. p. 325.
[2] Id., ibid. Q. 646. p.
[3] FRANCO, Divaldo. Adultério e culpa; o papel da vítima / Divaldo Franco. 2018. In: YouTube. Disponível em: < https://bit.ly/2QiVBKZ>. Acesso em: 21 nov. 2018.
[4] FRANCO, Divaldo. Adultério e culpa; o papel da vítima / Divaldo Franco. 2018. In: YouTube. Disponível em: < https://bit.ly/2QiVBKZ>. Acesso em: 21 nov. 2018.
[5] XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Sexo e Destino. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, [2013?]. p. 263.