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Foto do escritorConhecendo o Espiritismo

Quem foi Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo?

Atualizado: 11 de mai. de 2020

Alguns dados importantes da história do Espiritismo, especialmente os referentes a Allan Kardec e ao Espiritismo nascente são encontrados na obra Allan Kardec[1], em três volumes, da autoria de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, publicadas pela Federação Espírita Brasileira em 1979/80. O segundo e terceiro volumes contêm ainda análises e comentários de grande profundidade sobre muitos tópicos referentes à doutrina e ao movimento espírita.





O nome de batismo de Allan Kardec era Hyppolyte Léon Denizard Rivail, nasceu em Lyon, na França, em 03 de outubro de 1804, filho de Jacan Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Duhamel. A família de seu pai era composta de juízes e advogados e da sua mãe de matemáticos ilustres, teólogos e escritores. Foi batizado pelo padre Barthe a 15 de junho de 1805 na igreja Saint Denis de la Croix-Rousse, tendo nascido numa época marcada por graves agitações políticas, conflitos sociais e religiosos.


Era a época de Napoleão I. Aos 10 anos foi estudar na suíça com o famoso educador Johann Heinrich Pestalozzi, que era apaixonado na arte de ensinar. O Instituto ficava na cidade de Yverdon, Suíça, e funcionava em regime de internato. Os alunos recebiam ali educação integral esmerada, segundo um inovador método pedagógico do famoso professor, baseado na convicção de que o amor é o eterno fundamento da educação, sendo Rivail foi um discípulo exemplar.


A sua formação, seu método de estudo e aprendizado foram essenciais na codificação do Espiritismo. Em 1825 Kardec dirigiu a “Escola de 1º Grau” e em 1826 fundou o Instituto Técnico Rivail, baseando-se em nobres princípios, trabalhando sempre com seriedade e metodologia inovadora. Em 1828 decidiu que dedicaria sua vida à educação e, em 1831, publicou três livros e conheceu Amélie Gabrielle Boudet, que era professora da escola de belas artes, poetisa e pintora, com quem casou-se em 1832.


Amélie-Gabrielle Boudet (1795-1883), foi sua dedicada companheira, apoiando-o em todos os momentos, sendo conhecida entre os espíritas como "Madame Allan Kardec". Eles nunca tiveram filhos, conforme se lê na Revue Spiritede 1862, tendo ambos sempre sido pessoas dignas, de moralidade inatacável, dedicando-se integralmente ao cultivo dos ideais superiores da cultura, da educação e do bem.


Em 1834 precisou vendar o Instituto em razão de problemas financeiros com seu tio, que era seu sócio, sendo o dinheiro da venda aplicado em investimentos. Antes de conhecer os fenômenos mediúnicos, Rivail escreveu vários livros, como: Plano para o Melhoramento da Instrução Pública (1828); Curso Prático e Teórico de Aritmética, segundo o Método de Pestalozzi e para uso dos professores e das mães de família(1829); Gramática Clássica Francesa(1831); Manual para Exames de Capacidade; Soluções Racionais de Questões e Problemas de Aritmética e Geometria(1846); Programas dos Cursos ordinários de Física, Química, Astronomia e Fisiologia; Pontos para os Exames do Hotel de Ville e da Sorbone, acompanhados de Instruções Especiais sobre as dificuldades Ortográficas(1849).


Rivail era pessoa muito culta e conhecia diversas áreas do conhecimento, como ciências, filosofia e artes, traduziu obras alemãs e inglesas para o francês, e vice-versa, foi membro de diversas academias culturais e possuiu vários diplomas.


Em 1855 encontra-se com o Sr. Carlotti, antigo amigo e, convidado à casa da Sra. Roger, encontrou a Sra. Plainemaison e o Sr. Patier. Rivail assiste a algumas experiências na casa da Sra. Plainemaison, impressionando-se com os fenômenos, que se verificavam em condições que não deixavam lugar para qualquer dúvida, reconhecendo que havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Kardec entreviu naquelas aparentes futilidades qualquer coisa de sério, como a revelação de uma nova lei que decidiu estudar a fundo. [2]


Conheceu a família Baudin e passou a frequentar as reuniões semanais em sua casa. As médiuns eram as adolescentes Julie e Caroline Baudin. Rivail, que buscava apenas se instruir, viu que ali surgia uma nova doutrina e iniciou seus estudos sérios do Espiritismo, observando que os espíritos, nada mais sendo que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria e nem a ciência integral, verificando que o saber que possuíam era de acordo com o seu adiantamento, o seu grau de evolução. E dizia ainda que observar, comparar e julgar foi a regra que constantemente seguiu.


Em 1855 recebe uma mensagem do Espírito Zéfiro, que normalmente se manifestava nessas reuniões, dizendo-lhe que em uma reencarnação anterior Kardec havia sido um druida na região das Gálias e que se chamava ALLAN KARDEC, passando, a partir daí, a usar este nome. Em 30 de abril de 1856, recebeu a primeira revelação da missão que tinha a desempenhar, a Codificação de uma nova Doutrina. Nas datas de 07 de maio de 1856 e 12 de junho de 1856, recebeu mais duas confirmações da referida missão.


Em setembro de 1856, grande parte do trabalho da codificação já estava concluído, mas Kardec quis submetê-lo aos espíritos. Tendo recebido a confirmação dos amigos espirituais de que estavam satisfeitos, publica a primeira edição de O Livro dos Espíritos em 18 de abril de 1857. Fato interessante é que Kardec verificavadiversas vezes as comunicações obtidas, submetendo as questões mais melindrosas a vários Espíritos através de vários médiuns.


Até então, a Doutrina só possuía elementos esparsos, sem coordenação e cujo alcance não tinha sido compreendido por todos. Com O Livro dos Espíritos o Espiritismo conseguiu obter a atenção dos homens sérios e adquiriu rápido desenvolvimento, devendo-se este, em grande parte, à clareza de estilo de Kardec.


Em 1º de abril de 1858, Kardec funda a Sociedade Espírita de Paris - SPES, no Palácio Royal, Galeria Valois. As portas da SPES não eram abertas ao público,conquanto houvesse "reuniões gerais" em que visitantes apresentados por membros da Sociétépodiam ser admitidos. Isso acontecia por conta dos objetivos das reuniões, ligadas essencialmente à pesquisa teórica e experimental dos fenômenos.


Em 9 de outubro de 1861, num evento que ficou conhecido como o Auto da Fé de Barcelona, foram queimados em praça pública mais de 300 livros sobre o Espiritismo, por serem considerados perniciosos pela fé católica. O fato acabou dando notoriedade ao Espiritismo, fazendo-o ficar ainda mais conhecido.


Sobre Kardec, escreveu Gabriel Delanne que pelo seu inestimável serviço prestado à humanidade, resultando de constatações científicas, substituiu-se a fé cega numa vida futura pela inquebrantável certeza.[3]


Em 31 de março de 1869, aos 65 anos, desencarnou em Paris, muito provavelmente vitimado pela ruptura de um aneurisma de aorta. De 1855 a 1869, Kardec consagrou sua existência ao Espiritismo, dando palestras, fazendo viagens para divulgação da Doutrina, com estudos e pesquisas, tendo sido sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. No túmulo, acima de sua tumba, está escrito: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei", em francês.


  1. [1]WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Volume I. [s.l.]: FEB, 1979. [2]WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Volume II. [s.l.]: FEB, 1979. p. 64. [3]Wikipédia. Allan Kardec. Disponível em: <https://bit.ly/2wu0C7p>. Acesso em: 13 jun. 2018.

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